Então é Natal. E sua marca com isso?
Estudar branding e entender a fundo o posicionamento e identidade das marcas que ajudamos a criar e gerir traz uma grande responsabilidade: garantir intencionalidade nas ações.
Quanto mais entendimento temos do que faz ou não faz sentido para a nossa marca, maior é o nível de apropriação que temos dela. Ela passa a ser alguém conhecido, cujas ações e reações nós conseguimos prever e planejar na maior parte das vezes. Fazer algo muito longe da identidade da marca teria o mesmo efeito do que conhecemos por “sair do personagem” — Indiana Jones com medo de altura, Joey negando duas pizzas, Capitão América virando comunista, e por aí vai.
Entender o que nossa marca não faz às vezes é simples, principalmente quando pensamos em ações que são o oposto daquelas que pregamos. Mas pra além desses comportamentos antagônicos, é importante também pensar nos comportamentos que não necessariamente ferem o posicionamento, mas não carregam intencionalidade, não reforçam o posicionamento. Esses comportamentos não ajudam a “construir o personagem”.
E é aí que eu quero te convidar a pensar no Natal.
Primeiro eu quero te lembrar que o natal não é neutro. A gente vive em uma sociedade de domínio cristão, o que faz com que os símbolos e práticas dessa crença sejam apresentados como neutros. Mas eu e você que trabalhamos com estratégia precisamos ir além do senso-comum antes de posicionar nossas marcas, antes de permitir que ela seja associada a algo.
Então eu considero que aderir ao natal é aderir a uma celebração de valores cristãos. Aquela parcela dos valores que o mercado optou por agregar, claro, como a valorização da família, a caridade e o amor pelo próximo. E essas coisas não são ruins, eu te entendo. Mas essas coisas são o que você e sua marca pregam, priorizam e constroem nos outros 364 dias do ano?
Da maneira como eu entendo branding é preciso existir intencionalidade em absolutamente tudo o que uma marca faz. Isso inclui as datas comemorativas que ela opta por participar. Quando se comemora algo somente pelo fluxo, porque todo mundo está fazendo, porque não se pensou muito bem a respeito, vejo uma perda de oportunidade de construir posicionamento.
Você não precisa abraçar todas as datas comemorativas, pode abraçar somente aquelas que estão intimamente relacionadas a coisas que você (e/ou seus clientes, seus funcionários) já faz e valoriza. Pode ser que dedicar tempo, energia e dinheiro pra falar dessas datas gere resultados igualmente impactantes. E se isso der certo, além de lucro e engajamento você vai estar também contribuindo pra construção de uma identidade única.
No fim das contas, esse não é um texto sobre natal necessariamente, é um texto sobre intencionalidade. Ainda que você continue a fazer ações de natal só pelo flow mesmo, fica o convite pra se perguntar em tudo o que sua marca faz e comunica: “de que forma isso contribui na construção e reforço do nosso posicionamento?”
Esse texto dialoga com alguns mercados, mas não todos.Se você trabalha com varejo é bem possível que o que eu trouxe aqui pareça um grande delírio. E eu vejo seu ponto.De qualquer forma, é uma reflexão sobre posicionamento de marca que eu acho importante fazer. Me conta nos comentários como isso se aplicaria no seu mercado?